quarta-feira, 11 de novembro de 2009

FILOSOFIAS À LUZ DE VELAS

E o caos reinou sobre algumas capitais do país. O apagão deixou milhares de pessoas tensas, sem-rumo, desamparadas.
Eu, que senti apenas uma breve oscilação nas luzes da casa, fui dormir tranquila, sem me dar conta de que hoje, o assunto seria o principal mote dos principais telejornais do país com repercussão internacional.
Me fez relembrar o momento em que estava arrumando “minhas trouxinhas” para sair de casa. Vi mamãe entrando no quarto empunhando duas velas de cera.
- Leve isso minha filha! - disse ela.
- Pra quê isso? - foi minha resposta às velinhas que até agora (5 anos depois) ainda ocupam um cantinho da gaveta.
A lembrança desse momento me fez enxergar que, num tempo não muito distante, as pessoas estavam acostumadas à utilização das velinhas de cera. Era vela pra ler até mais tarde, pra pedir proteção aos santos em dia de chuva (minha avó faz isso até hoje) ou para um romântico jantar.
E agora, algumas horinhas sem energia elétrica deixam o país em pânico. Nostalgia? Talvez, mas principalmente atenção à era da modernidade!
Os relatos foram de pessoas que “só” ficaram na companhia de seus celulares, aptos a dar as notícias por meio do sinal digital ou de seus notebooks, pelo menos enquanto durou a bateria.
Sós.
A luz advinha de monitores ou de aparelhos celulares moderníssimos que “fazem de tudo”, e agora são também lanternas [e damas-de-companhia?].
Mas que dependência é essa? Como podemos ficar à mercê do funcionamento da usina hidrelétrica para tocarmos nossas vidas? O presidente de Itaipu, questionado sobre um stand by que pudesse evitar esses transtornos disse que o sistema existe, mas não para uma parada da proporção que o país sofreu na última noite. Lembremo-nos de que o ser humano não pode controlar todo o universo!
O fato é que já não estamos preparados para sairmos de nossa rotina, seja pelo motivo que for. Não nos deixa confortáveis qualquer situação que não esteja sob nosso controle. Não há segurança, não há saídas, não há resoluções, não há pra onde correr! Por isso, a cada dia, estamos mais dependentes de nossas solidões, afinal, que segurança há nos relacionamentos? Não falo apenas dos amorosos, mas de todas as nuances de relações que temos na vida.
Não há garantias de que seremos bem tratados, bem amados, bem queridos, bem casados.
Na dúvida, preferimos deixar as luzes acesas, pois na escuridão, reina o caos.

Dani Aquino

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